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Arquivo para abril, 2012

“Penso em me matar todos os dias”, diz homossexual ameaçado de morte por torcedores

Rommel Costa tem 27 anos, mora em Fortaleza (CE) e já pensou diversas vezes em se matar. O motivo? Uma foto tirada junto a um ex-namorado, onde usava a camisa da torcida organizada de um time de futebol cearense, onde Rommel era beijado e abraçado. Desde a publicação da foto, há seis anos, Rommel teve de largar a faculdade e passou a sofrer ameaças de morte pela internet, de torcedores de vários times cearenses. “Hoje eu tenho medo de sair de casa”, confessa.

A confusão começou quando o jovem ganhou de presente de sua tia, uma camisa de uma torcida organizada de o Ceará Futebol Clube, a Cearámor. Vez ou outra, Rommel usava a camisa, mesmo não sendo espectador assíduo de jogos de futebol e sem nunca ter assistido uma partida em um estádio. “No dia em que a foto foi tirada, em 2006, fui encontrar meu namorado em um shopping da cidade, e resolvi usar a camiseta. Estávamos andando de mãos dadas, quando uma moça se aproximou e perguntou se poderia tirar uma foto nossa”, relata.

De acordo com Rommel, a garota havia se apresentado como funcionária do Shopping Benfica, apesar de estar sem uniforme, e disse que a foto iria para uma campanha alusiva ao Dia dos Namorados. Na verdade, a jovem era funcionária da loja oficial de uma torcida rival, a Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), e divulgou as imagens na internet com frases de conteúdo homofóbico, inclusive incitando a violência contra Rommel e o namorado. “Depois de uma semana, recebi um telefonema de um amigo do Rio de Janeiro que viu as fotos na internet, e que elas estavam sendo enviadas para muita gente, inclusive para meus parentes e amigos. Além disso, fui constrangido por uma diretora do próprio shopping, que me disse que não deveria ter feito ‘aquilo no shopping dela”, revela.

Ele conta que depois que as fotos se espalharam pela internet, foi ameaçado diversas vezes, inclusive por integrantes da própria torcida do Ceará. “O líder de uma das torcidas disse no Orkut para que me encontrassem na cidade para me ‘apagar’ e ficaram marcando encontros para me agredir fisicamente. Minha vida foi um inferno durante mais de um ano. Mudei de telefone, parei de ir para a faculdade, tive de mudar muitos hábitos”, diz Rommel, que hoje trabalha em navios de cruzeiro, e passa a maior parte do ano em alto-mar.

Segundo ele, após dois anos de ameaças, os problemas diminuíram e só retornaram há alguns meses, com a popularização do Facebook no Brasil. “Sempre denuncio as postagens ofensivas, mas elas sempre reaparecem. Minha vida voltou a ser um inferno, algo terrível. Me ofendem por conta de uma maldita camisa, porque eu beijei meu namorado vestido com ela”, desabafa.

A pior parte ainda estava por vir. Ao procurar a Delegacia do 13º distrito de Fortaleza, Rommel ouviu que as postagens tratavam-se de ‘brigas infantis, coisa de internet’, e que ele estaria perdendo tempo caso tentasse levar as denúncias a diante. “Desde então, quase não saio de casa, durmo a base de remédios. Acho que esta situação é desumana, e tudo por conta da homofobia e do preconceito envolvendo torcidas de futebol”, finaliza o jovem. Hoje, Rommel, aos 27 anos, é mais um prisioneiro condenado a prisão perpétua pela homofobia no Brasil.

Pré-candidatura de Renan Palmeira recebe o apoio do deputado Jean Wyllys

A pré-candidatura de Renan Palmeira (PSOL-PB) a prefeito de João Pessoa (PB) ganhará um reforço de peso nesta quinta-feira: em entrevista coletiva, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), oficializa seu apoio a pré-candidatura de Palmeira. A coletiva acontece nesta quinta (19), às 17h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba (SINTEP-PB), na Rua Professor José Coelho, 61, no Centro de João Pessoa.

De acordo com um dos coordenadores da pré-campanha, Tárcio Teixeira, o PSOL pretende eleger prefeitos e vereadores em diversas capitais do país e consolidar-se como uma esquerda socialista. “João Pessoa agora tem alternativa nas eleições e nas lutas sociais, para fortalecer essa alternativa contamos com a presença de Jean Wyllys na capital paraibana”, disse Tárcio. Nos próximos meses, estão outras agendadas visitas de apoio a pré-candidatura de Renan Palmeira, incluindo a ex-senadora e vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

“Precisamos de Leis específicas LGBT”, diz primeiro candidato assumidamente gay de Alagoas

 

Depois de João Pessoa tornar-se a primeira capital do Brasil com um candidato a prefeito assumidamente homossexual, Maceió, a capital do estado de Alagoas também terá um marco nas eleições para prefeito deste ano. Dino Alves, militante LGBT e assumidamente homossexual, será o primeiro candidato a vereador da capital alagoana. Dino é Consultor de Projetos Sociais, foi Diretor Geral da ONG Pró-Vida e do Grupo Gay de Alagoas – GGAL, onde desenvolve trabalhos voluntários e atualmente é Assessor Técnico da Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos de Alagoas, que tem a frente Kátia Born, ex-prefeita de Maceió e Presidente do PSB no Estado. Em entrevista exclusiva, Dino fala sobre a homofobia em seu estado e sobre a importância das candidaturas LGBT.

 

Você é o primeiro candidato assumidamente gay em Alagoas. Como você encara esta responsabilidade?

Dino – Na verdade existiram outros candidatos e eleitos que vivencia sua sexualidade entre LGBT, porém eu sou o primeiro que não tive medo de assumir minha orientação sexual publicamente. Encaro e fiz isso por entender que a minha sexualidade não interfere no meu caráter e não afeta a minha dignidade. Acredito que posso legislar em defesa de todas as populações, inclusive na promoção da cidadania e na garantia dos direitos da população de LGBT.

 

Como foi o processo de escolha da sua candidatura dentro do PSB?

Dino – As convenções ainda não oram realizadas e respeitando o calendário eleitoral serão no período de 10 a 30 de junho, por isso ainda sou Pré-Candidato. Porém, internamente o PSB tem me acolhido e manifestado total interesse em homologar minha candidatura durante a convenção. No PSB de Alagoas estou Secretário da Executiva Estadual LGBT e no Brasil estou Coordenador de Mobilização Política da Secretaria Nacional LGBT Socialista.

 

Sua candidatura, assim como a e Renan Palmeiras a prefeitura de João Pessoa são marcos na política do nordeste, região conhecida pelo forte preconceito em relação a homossexuais. Você acredita que haverá ataques pessoais a sua campanha? Como você pretende lidar com eles?

Dino – Sim, sem duvidas. Vou responder a todos os ataques com muito respeito.

 

 

Como você avalia a situação dos LGBT no estado de Alagoas e em Maceió em relação a homofobia?

Dino – A homofobia é um fenômeno crescente em todo o Brasil! E só poderemos enfrentar com educação, prevenção da violência, e criminalizando a homofobia. Em Alagoas os dados de assassinatos de LGBT são alarmantes, embora haja um grande esforço do Estado para combater os crimes, ainda é preciso fazer muito mais. Especificamente em Maceió, precisamos de Leis específicas LGBT e regulamentar as exigentes.

 

Hoje, faltam representantes que lutem pelos diretos LGBT nos três níveis (município, estado e país). Você acha que a solução para isso é que os LGBT se engajem politicamente, disputando e sendo eleitos para cargos públicos?

Dino – Sim, precisamos Legislar. Leis garantem direitos e é disso que precisamos: direitos iguais.