Diversidade, em todos os sentidos

Arquivo para março, 2009

– Findo Milênio.

O milênio já acabou e há muita coisa no ar
Se o céu pegasse fogo, alguém iria notar?
O milênio já acabou e isso não é tão ruim
Pois é, estamos perto do fim
(Ecos Falsos)

– Findo Milênio.

O milênio já acabou e há muita coisa no ar
Se o céu pegasse fogo, alguém iria notar?
O milênio já acabou e isso não é tão ruim
Pois é, estamos perto do fim
(Ecos Falsos)

– O Inferno.

O cachorro,
preto e vermelho de sarna,
implorava pelo destino
debaixo das rodas
dos carros da avenida.

E eles,
como o resto das pessoas,
não sabiam que o que
pra elas parecia a salvação,
era o prolongamento
do inferno.
(William De Lucca)

– O Inferno.

O cachorro,
preto e vermelho de sarna,
implorava pelo destino
debaixo das rodas
dos carros da avenida.

E eles,
como o resto das pessoas,
não sabiam que o que
pra elas parecia a salvação,
era o prolongamento
do inferno.
(William De Lucca)

– Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo…

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo…

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo…

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo…

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo…

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo…

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo…

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo…

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo…

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo…
(Caetano Veloso)

– Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo…

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo…

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo…

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo…

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo…

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo…

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo…

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo…

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo…

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo…
(Caetano Veloso)

– Mais.

Mais do que palavras
Mais do que promessas
Mais do que o mundo pode me dar

Eu quero sempre mais que ontem
Eu quero sempre mais que hoje
Eu quero sempre mais do que eu posso ter.
(Capital Inicial)

– Mais.

Mais do que palavras
Mais do que promessas
Mais do que o mundo pode me dar

Eu quero sempre mais que ontem
Eu quero sempre mais que hoje
Eu quero sempre mais do que eu posso ter.
(Capital Inicial)

Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que…,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim…

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!

(Fernando Pessoa)

– Sem Título

As vezes escrever aqui me remete a algo de desespero.
Precisar ser ouvido, precisar ser… visto.
Ou lembrado.

Algo assim.
Algo como desabafar sozinho.
Algo como escrever coisa qualquer na parede de casa.
Mesmo sem ninguém ler, parece doer menos quando dói pra fora.

Disse ontem pra Ana uma coisa que eu achei tão… cruel,
comigo mesmo.

Disse que era mais sozinho que a solidão.
Porque ela, como coisa quase física,
sempre acompanha quem a sente.
E eu me sinto árido,
sem passos marcados no chão rachado pelo sol.

O problema não é se sentir sozinho.
O problema é sentir que isso não é um sentimento.
O problema é sentir que isso é parte de mim.